colecionar bandeiras ou ver as coisas crescerem?
e o que isso tem a ver com o tal do slow travel
No meu primeiro mochilão passei oito meses viajando e, nesse tempo, visitei 26 países e mais de 50 cidades. Isso dá, em média, 4 dias por cidade. Nas métricas aceleradas das redes sociais, parece incrível, né?
Eu também pensava que quanto mais eu conhecesse, melhor. Afinal, quando eu teria aquela oportunidade de novo? Mas agora que a vida em movimento deixou de ser algo passageiro e passou a ser meu estilo de vida, percebi o quão prejudicial pode ser essa busca por colecionar o máximo de bandeirinhas possíveis.
E o que me fez lembrar disso foi uma reflexão da Luisa Moraleida. Quando ela começou a sua vida mochileira em 2018, conheceu um viajante que estava há oito anos na estrada que disse o seguinte:
“eu tenho certeza que um dia eu paro. acho importante ver as coisas crescerem. se transformando em algo e não só fragmentos de momentos”.
Eita. Ler isso me pegou. Talvez porque eu tenho percebido que eu também quero ver as coisas crescerem. Mesmo que não pela vida toda. Pelo menos não agora. Mas eu quero ficar tempo suficiente pra ter um parque favorito e poder visitá-lo mais de uma vez. Quero saber o nome dos vizinhos. Construir um senso de comunidade por onde passo.
Tudo isso requer um ingrediente mágico que a gente insiste em achar que não temos suficiente: o tempo.
Em um contexto que viajar o mundo é um enorme privilégio, é comum que a nossa mente nos pregue uma peça e nos deixe acreditar que passar “tempo demais” em um mesmo lugar é desperdício. Mas posso ser sincera?
Cada vez mais percebo que não precisamos nos encaixar na caixinha do típico viajante, mochileiro ou turista. Esses rótulos não importam.
Ironicamente ou não, eu que estou aqui pregando viagens mais lentas e imersivas, sigo me mudando com mais frequência do que gostaria. Apesar de sempre pensar nessa possibilidade, o impulso me leva a partir para a próxima parada. Talvez eu ainda não tenha encontrado onde eu gostaria de ver as coisas crescerem. Ou talvez, não exista essa sensação de “chegar lá”, mas sim de se forçar a pisar no freio.
De qualquer forma, sigo aprendendo a ir com mais calma e conhecer mais de menos lugares. Esse é o verdadeiro luxo: ter tempo.
achado da semana
Recomendo ler o texto completo da Luisa Moraleida sobre viajar devagar
pitaco
Qual a sua opinião sobre isso? Até que ponto é positiva essa vontade de ver cada canto do mundo? Você gosta de revisitar lugares ou prefere conhecer novos?
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Um beijo e até semana que vem,
Ju